{Resenha} Garota, interrompida - Susanna Kaysen

  Quando a realidade torna-se brutal demais para uma garota de 18 anos, ela é hospitalizada. O ano é 1967 e a realidade é brutal para muitas pessoas. Mesmo assim poucas são consideradas loucas e trancadas por se recusarem a seguir padrões e encarar a realidade. Susanna Keysen era uma delas. Sua lucidez e percepção do mundo à sua volta era logo que seus pais, amigos e professores não entendiam. E sua vida transformou-se ao colocar os pés pela primeira vez no hospital psiquiátrico McLean, onde, nos dois anos seguintes, Susanna precisou encontrar um novo foco, uma nova interpretação de mundo, um contato com ela mesma. Corpo e mente, em processo de busca, trancada com outras garotas de sua idade. Garotas marcadas pela sociedade, excluídas, consideradas insanas, doentes e descartadas logo no início da vida adulta. Polly, Georgina, Daisy e Lisa. Estão todas ali. O que é sanidade? Garotas interrompidas.

 Garota, Interrompida conta a historia de Susanna Kaysen - a própria autora - que após tentar suicídio aos 18 anos de idade, foi internada em uma clínica psiquiátrica voluntariamente.

Ao longo do livro, - que é bem fininho – vamos conhecendo então a trajetória dura e difícil de Susanna para sua recuperação. 

Esse livro me impressionou muito, pode dois motivos, primeiro pelo fato de que estou estudando exatamente saúde mental, já que curso Enfermagem. E segundo, pela realidade dura e crua com que tudo é relatado no livro.

Conhecemos com detalhes os dias de Susanna e suas companheiras no hospital, vemos como a doença mental, destrói a dignidade do ser humano, como eles chegam ao fundo do poço e pensam: “Não temos mais nada a perder”.

As horas, dias, minutos e segundos descritos no livro, a batalha travada por Susanna e suas companheiras de hospital, Daisy, Lisa, Georgina e outras, é tão dura, a forma como elas tentam manter a sanidade e não se perder totalmente na escuridão da loucura.

A maneira como elas tentam a todo segundo recuperar o que a insanidade lhes roubou, e os momentos em que fica difícil ser forte, os momentos em que elas “surtam” – as famosas recaídas – as regras que são obrigadas a seguir diariamente para sua própria segurança, para protegê-las de si mesmo. 

O modo chocante e triste, como elas veem algumas partirem, outras se perderem por completo, a alegria e a esperança ao ver alguém finalmente são outra vez.

Susanna passa dois anos nessa luta, hora melhorando, hora tendo recaídas, e mesmo quando melhora, se questiona se essa melhora é somente fruto de sua imaginação. 

Fiquei o tempo todo angustiada, me imaginando na pele daquelas garotas, tão jovens, com tanto pra viver, e sem vida alguma ao mesmo tempo.

O tempo todo enquanto lia, fiquei torcendo pela recuperação de Susanna, não só dela, mas de todas ali presente, infelizmente, lamentei também junto a elas, a perda de algumas que passaram por lá sem sucesso na recuperação.

Tive momentos divertidos, com as loucuras de Lisa, sim, a loucura ás vezes também pode ser algo bom e divertido, se for “dosada”.

O livro nos trás uma mensagem sensacional, de força, de luta e determinação para recuperar o que lhe foi tomado, o controle da sua própria vida, a segurança de estar sozinha consigo mesma.

Eu amei a capa logo de cara, só por ser rosa rs (podem rir), a diagramação e revisão do livro não deixou nada a desejar, estão perfeitos.

É um livro, chocante, angustiante, duro e muito realista.

Leiam, é uma grande lição para todos nós!