(Resenha) A Escolhida - Amanda Ághata Costa

Título: A Escolhida (A Escolhida #1)
Autor(a): Amanda Ághata Costa
Editora:
Nº de páginas: 360
Nota:
Em uma cidade repleta de pessoas desconhecidas, Ari poderia ser apenas mais uma garota dispersa na multidão, como tantas outras que foram abandonadas pelos pais desde a infância. Devido à sua aparente doçura e beleza, ninguém seria capaz de supor que, além de um anjo, ela também é um demônio com sede de poder. Os espertos deveriam manter-se distantes, mas há olhares que não deixam de admirá-la. Egran não desperdiçaria a chance de apoderar-se de habilidades tão interessantes: ela é a escolha perfeita. Entretanto, nem todos se sentem realizados. O círculo seria um refúgio ideal para os demais feiticeiros, se o próprio líder não os tratasse como marionetes descartáveis. Movidos pelo medo e controlados pelo mestre, os componentes do grupo obedecem, sem pestanejar, às ordens recebidas. Ao se ver arrastada para lá, Ari se encontra diante de situações improváveis, arriscando-se a expor mais do que gostaria. Para ela, sentir é algo que sempre esteve fora de seus limites. Não poderia vivenciar qualquer forma de emoção, esta era a promessa. Até que Luke surge em seu caminho e abala as estruturas congeladas, derretendo-as e modelando novos conceitos. O amor realmente fará brotar a alegria? Ou irá arrastá-la diretamente para a morte? O passado obscuro de Ari será o suficiente para fazê-la estilhaçar de uma vez por todas, não restando oportunidades para uma nova tentativa de se isolar do mundo.

Ari é agora uma adolescente que aprendeu a se virar sozinha, ela sempre viveu pelas ruas, fazendo o que sabia fazer de melhor, caçar e matar suas presas. De uma espécie que nem deveria existir, Arialli é o resultado de uma relação que nunca deveria ter acontecido, de um amor proibido e que acarretou sérias consequências.
Devido a isso tudo, a menina foi "abandonada" pelos Pais e criada por uma Senhora chamada Lina, que tentou dar a ela tudo de melhor, e ensina-la a viver entre os humanos.
Porém, apesar de ser metade Anjo, a garota também é metade demônio e seu lado mais obscuro tem levado a melhor. Conhecida por ser implacável e impiedosa, Arialli desperta a atenção de um certo Feiticeiro. Egran, líder do Círculo - como é nomeado o grupo de Feiticeiros - decide que precisa ter Ari ao seu lado, - ou sob seu comando - mesmo sabendo que a garota é praticamente indomável e que tem pavio curto, ele decide arriscar, pois acredita que vale a pena tê-la ao "seu lado" e ele tem uma "carta na manga" para convencê-la.

“O anjo está escondido, enquanto o demônio ruge mais uma vez. Ele está faminto. Ele não suporta desilusão.”

Ao chegar no Círculo, Ari se dá conta de que não é exatamente bem vinda, e que a grande maioria não está contente por sua chegada. Ela mesma não está feliz de estar ali. Ari gosta de viver sozinha, distante de todos. Ou pelo menos é o que ela pensa.
Egran que é conhecido por também ser implacável e cruel, parece ter grandes planos para Arialli, e parece saber mais de sua história, seu passado, do que ela mesma. E é isso que a convence a ficar, o desejo de descobrir mais sobre si mesma, obter respostas de seu passado, de sua origem. E o feiticeiro promete tudo isso.
Agora sob o comando de Egran, a jovem passa a viver junto com os demais componentes do Círculo, e a princípio a tensão é quase palpável entre eles. Múrmuros, olhares atravessados e até ofensas diretas são dirigidas a garota, mas ela não se importa, já que aparentemente, ela é a "queridinha do líder" deles.

As coisas começam a mudar para a garota quando Luke se aproxima e ambos sentem-se atraídos um pelo outro. Indo contra todas as promessas que fez a si mesma, Ari se entrega cada vez mais ao garoto. Mas a todo momento ela tem medo de ser feliz, de se abrir por completo pra felicidade, e mais do que tudo, ela não acha que seja possível ser feliz. Além disso, o fato de Ari e Luke pertencerem a raças diferentes já torna proibido o relacionamento. E pra complicar ainda mais, Vincy, a irmã de Luke, parece não ser fã de Arialli.

Entre conflitos internos, confusões amorosas, injustiças e desavenças, Ari busca respostas pra suas perguntas sobre seu passado, seus pais e de onde veio.

Achei que a história teve alguns furos, como por exemplo, as diversas perguntas que a protagonista se faz o tempo inteiro, e que quando surge a oportunidade e questiona a mãe, a mesma nunca responde. Temos algumas poucas respostas, e  a maioria pela metade ou vaga. Isso me deixou um tanto frustrada e confusa.
Como se trata de uma série, acredito que a autora esteja deixando algumas respostas para um próximo livro. Mas ainda assim, me senti angustiada pela falta de respostas claras e conclusivas, pelo menos as que foram dadas.

Outra coisa que me incomodou foi o relacionamento de Luke e Ari. Mesmo com todos os prós, os dois ainda arrumavam mais briguinhas e motivos pra complicar as coisas, ora eram ciúmes, ora era fingir que terminaram e "duas páginas" depois voltavam. Acho que eles já tinham problemas demais e ficavam o tempo inteiro criando mais dramas desnecessários, como por exemplo Luke ficar fazendo ciúmes com uma Fada. Ari surtando com qualquer coisa que Luke faça ou fale, e aí pronto "Já não confio nele",  "não quero mais vê-lo", "vou fugir", "vou embora". Acho que ela fugiu ou foi embora umas duas vezes e eles "terminaram" pelo menos umas cinco vezes. Já estava meio cansativo. Achei imaturo demais. Até entendo que ela tinha dificuldades de confiar, e se entregar, mas uma vez que o fez, e que Luke provou - diversas vezes - ser confiável e que a amava, não precisava tanto drama.
Eu gostei do Luke, achei ele um personagem bem maduro, mas a Arialli que no início me intrigou e me deixou bem curiosa, ao longo da livro desapareceu.

Achei a mudança de vida de Arialli muito radical, ela mudou da água pro vinho sem nem resistir. Uma criatura que era sedenta por sangue e por matar, uma coisa que era uma necessidade e que ela fazia diariamente, e ela abriu mão disso, e mais ainda, ela nem se quer tocava no assunto, como se ela nunca tivesse feito nada daquilo. A imagem de predadora e implacável dela no início, desaparece por completo, e ela se torna praticamente uma garotinha indefesa, apaixonada e vivendo um "clube da luluzinha" com as meninas do Circulo. Acho muito pouco provável que alguém mude assim, do dia pra noite.

Gostei muito do fator, amizade/união entre alguns personagens do livro. A amizade que acaba nascendo entre Ari e algumas meninas do grupo é bem bacana.
Egran, Evan e Edlun os três irmãos, são uma incógnita do início ao fim. A razão por Egran ser e fazer o que faz com o circulo, a história do Líder, permanece um mistério até o fim. Espero que em um próximo livro possamos entender, mais dele.

Apesar dos pontos negativos, a história é boa e tem uma premissa bacana. Por se tratar de uma série a autora tem tudo pra "acertar os ponteiros" em um próximo livro. A escrita da autora é ótima e fluída, fazendo com que a leitura seja fácil e gostosa. E eu quero muito ler o próximo e ver como os personagens vão se desenvolver e como será solucionado todos esses mistérios.

Eu indico a leitura para quem gosta de romance e sobrenatural.